Fuga
Quando falamos de fuga pensamos sempre nas normais fugas, quando fugimos da nossa responsabilidade, quando fugimos do que estamos a sentir, quando fugimos de pessoas que nos incomodam, de emoções que nos incomodam. Existem também outras formas de fuga, por vezes fugimos fingindo que alguns acontecimentos não são o que gostaríamos ou desejávamos, fingindo não ver o que está a acontecer por medo de sentir o que se passa connosco. Fingimos que determinados acontecimentos são diferentes do que realmente são, colocamos uns óculos cor-de-rosa e pintamos as situações na medida do que sentimos necessário para nos sentirmos bem connosco, na medida necessária para tentarmos proteger-nos para não sofrer. Fingimos por medo de nos encarar, por medo do que mexe connosco, por medo de sentir as verdadeiras emoções e nesta fuga encontramos por vezes caminhos espirituais, refugiamo-nos no chamado zen, numa tentativa de encontrarmos formas de estrutura capazes de nos permitir viver nesse faz-de-conta tranquilo que desejamos, onde tudo pode ser de alguma forma moldado para não termos de encarar os factos e o real. Chegou o momento de tentarmos ser mais verdadeiros connosco permitindo-nos sentir momento a momento o que em nós se passa sem nos aliarmos de nós próprios, sem vestirmos o véu da ilusão, sem fugas do que que se passa à nossa volta ou de nós. Namasté!