Engano
O que é o engano? O que é isso de nos enganarmos? O que é isso de sermos enganados? Quem engana quem? Talvez algum dia e nalgum momento esta tenha sido a questão de ordem, talvez esta tenha sido a questão que se levantou e que cutucou, a questão que pediu a atenção e a escuta do observador que em nós habita e que por vezes fica incapaz de observar porque simplesmente se perdeu no rol da acção que vivemos e onde nos sentimos enredados. O engano é algo que em nós nasce e por nós construído, se com ajuda externa ou não pouco importa quando somos nós os verdadeiros enganadores de nós mesmos. Enganamo-nos quando algo não está como gostaríamos ou quando gostaríamos de estar como não estamos, enganamo-nos quando preferimos colocar uns óculos que deturpam a nossa visão, enganamo-nos quando não queremos ver o que se passa em nós e enganamo-nos como fuga fácil da dor. Na verdade, apenas nos enganamos por incapacidade de observar o que verdadeiramente se passa em nós, e aí nasce a incapacidade de olhar em volta e ver o que ali acontece de forma fiel, sem véus e máscaras mas simplesmente capazes de sermos nós. Enganar-nos cedo ou tarde vai abraçar uma nossa parte que dói, uma parte que sente mágoa, uma parte que se acredita iludida e que o foi por nós, vai trazer a revolta do engano e a frustração de não sermos como acreditávamos ter de ser… Mas se essa dor chegar com ela podemos limpar o nosso engano e podemos permitir-nos aproveitá-lo como forma e ferramenta para um crescimento maior rumo a uma consciência de nós e de quem somos, podemos impulsionar-nos a SER. Namasté!