Escuta Atenta
Ontem aprendi um pouco mais sobre esta arte de escutar o outro de forma atenta, escutar o outro desde o seu sentir e não desde o meu sentir ou do meu ponto de vista, o professor curiosamente foi o Joãozinho (o nosso gatinho).
O Joãozinho viu-me a comer uma sopa e como bom guloso que é pediu-me, achei estranho ele querer aquilo, mas não resisti a dar-lhe uma taça com uma pequena colher de sopa, ele provou, mas como eu suspeitava não quis comer, começou a miar e pela primeira vez saltou para a prateleira da cozinha onde eu guardo as guloseimas de gato, atirou a caixinha dos biscoitos para o chão, tirei-o de lá e mostrei-lhe o meu desagrado, disse-lhe que não podia ir para lá…
Ele cheirou o prato de ração dele e fez um miau de chamada de atenção (o que ele faz quando quer dizer que está na área :D ), fiquei a observar e novamente saltou para a prateleira, o mesmo processo, tirei-o de lá disse que não havia ali nada para ele… escondi as guloseimas e mostrei-lhe a prateleira vazia, ele cheirou e ficou convencido que ali não tinha nada…
Novamente foi ao seu pratinho e refilou comigo… e de lá foi à caixa da ração dele e deu-lhe uma patada… pensei será que sem querer caiu algo na comida dele, seria estranho pois está afastada de tudo…
Resolvi deitar aquela ração fora, lavar o pratinho e dar comida nova, ele começou a comer… foi aí que me dei conta que a forma e cor era diferente da anterior e percebi que tínhamos colocado por engano uma ração que tínhamos e que ele não gostava muito (agora posso dizer que não gosta nada)…
A verdade é que se eu não me tivesse permitido observar o que ele me tentava dizer, tinha-me zangado com ele e o pobre continuava a não comer porque não gostava daquela comida (sim, ele se não gosta não come, não adianta contrariar)… se fez asneiras, talvez mas foi a única forma que encontrou de se expressar, de me mostrar o que precisava, e a única forma de o entender foi permitindo que o meu coração fosse ao encontro do que ele dizia, sem o julgar…
O que ele sem querer me trouxe à consciência foi a quantidade de vezes que nós não nos permitidos essa escuta atenta sobre o outro, essa escuta que pode fazer diferentes línguas, mas que sempre será compreensível e audível se estivermos ali de coração aberto para aquele Ser…
Tenha ele a forma que tiver, só podemos escutar desde o nosso coração liberto de julgamentos, de formas, de “pré-juízos”, de rótulos… pois só assim permitimos que o outro se expresse da forma que sabe e só assim a informação nos será transmitida, sem tantos enganos e zangas desnecessárias…
Será tão difícil assim?
Namasté!