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Soltar


Nos últimos tempos soltar parece a palavra de ordem… Soltar temas, soltar crenças, soltar amarras, soltar passado, soltar futuro, soltar, soltar, soltar e soltar…

A verdade é que quando mais ouvimos esse soltar parece que mais nos agarramos ao tal assunto, situação a soltar, quanto mais sabemos que temos de largar e abrir mão mais sentimos a necessidade de acarinhar uma vez mais… soltamos de mão fechada, soltamos agarrando, soltamos continuando ali a querer aquilo para nós e agora mais que nunca porque sabemos que o soltar implica um afastar, implica um deixar ir e talvez esse seja o verdadeiro tema…

Como deixar ir? Como largar o que sentimos que ainda é nosso, como largar o que faz parte e nos preenche, como deixar esse espaço vazio em nós e como fazer esse tudo pelo que soltamos…

Quantos se’s, porquê’s, como’s se aproximam de nós nesse momento em que sabemos que temos de ganhar a coragem para fazer o diferente, que sabemos temos de abrir mão do que já foi ou está a vir mas que não faz parte neste momento em que verdadeiramente vivemos e que é este agora…

Como sobreviver a essa perda, mesmo sabendo que o soltar implica um estar melhor, um fazer mais por nós, um subir de degrau na busca pela felicidade, como sobreviver depois sem essas amarras que podíamos culpabilizar, que podíamos responsabilizar e que nos permitiam estar nesse ponto onde queremos mas que sem desculpa não podemos…. Como fazer esse luto se não nos amamos mais, se nos sentimos desfeitos e quebrados dentro, como voltar a reerguer-nos e a olhar o mundo de frente se ele nos pregou essa partida de ter de soltar, como confiar nesse universo malvado que nos confronta com os nossos medos e sonhos desfeitos?

Simplesmente permitindo-nos olhar dentro, simplesmente largando mão de todas essas coisas que nos foram incutindo e dizendo, largando mecanismos e ferramentas, largando o que não somos, e permitindo-nos não o soltar mas o profundo mergulho em nós e nessas emoções escuras e sombrias que nos emaranham e nos enlaçam e que necessitamos pentear, alizar e iluminar.

O que ainda agarra, e o que ainda precisa para se atirar nesse poço de Eu?

Namasté!

Jesaya por Vanessa Barros Albernaz

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