Travão
Quando a vida nos coloca um travão e nos obriga a um novo rumo…
Por mais projectos e objectivos que se tenham, por vezes a vida parece brincar connosco, parece que dança num sentido oposto ao nosso querer e ao nosso desejo, parece que nos empurra para algo que não desejamos, parece que nos obriga a soltar os sonhos que não queremos, parece que se apodera de nós e nos obriga a fazer a sua vontade…
Observamos por vezes esses movimentos de vaivém de forma serena mas outras vezes tentamos enfrentar tudo isso teimando com tudo e todos, teimando com aquilo que sentimos que nos faz frente e que não nos deixa ir por onde já decidimos há “séculos” de tão apegados que estamos a esses sonhos petrificados em nós.
Sentimos que nos retiram a capacidade decisora, a capacidade de gestão de nós, sentimos que todos parecem saber mais do que nos contam e dentro ficamos apenas com o amargo sabor de ter de soltar… entramos numa morte lenta de algo, sentimos que nos debatemos e tentamos lutar mas já nem sabemos com o quê ou porquê…
Sentimos no corpo uma luta que parece grande demais para nós, uma luta de cheios e vazios, uma luta que travamos, mas a qual não nos valora nem nos remete a um começo, pois tudo é vazio de formas e projectos, pois não conseguimos deixar esse foco de sonho e olhar em volta e ver se há algo mais…
Ficamos ali tempos, tempos que não temos, tempos que se perdem nessa imensidão do que não preenche pois o que antes era foco e possibilidade agora nada é, pois foi-nos arrancado sem nos terem sequer pedido licença…
No entanto, o tempo é o que queremos fazer dele, tal como esses vazios, que podem ser cheios de novos recomeços ou apenas duros sentires de perdas… Às vezes a única coisa que nos é pedida é apenas uma pequena curva no caminho, mas acreditamos só saber andar em linha recta e ficamos tão focados nisso que não conseguimos ver que por detrás dessa flexibilidade há a tão desejada recta que nos leva ao sonho que de desfeito nada tem…
Onde vamos escolher ficar? Na recta, na curva, no tempo, no vazio…? Tudo são escolhas e a vida é o que delas fazemos ou não.
Namasté!