Fantoche
Todos nós conhecemos este pequeno boneco que podemos manipular, com o qual podemos construir coisas, histórias, vivências, construímos cenários mais ou menos imaginativos e levamos o pequeno boneco a fazer parte deles, a fazer o que bem entendemos…
A verdade é que muitas vezes rimos destes bonecos, rimos porque eles não têm poder de escolher o que desejam, rimos porque eles ficam presos por fios e somos nós quem os controlamos… Rimos do nosso Eu controlador que cria cenários, atrás de cenários e que não se importa do que está a criar porque o fantoche não sente e nisto acabamos a manipular toda uma história, toda uma vivência até que um dia nos damos conta que o fantoche afinal não é um boneco mas sim um Ser que conseguimos levar a fazer o que bem queremos e desejamos, um Ser que nos faz as vontades e que não se consegue rebelar por medo de nos perder…
Usamos os medos e manipulamos, criamos aquela porção a que damos o nome de Amor e alegamos que o que queremos é o amor desse alguém, quando apenas o que nos move é o poder que temos sobre o outro, o poder de o fazer acreditar em nós, de o fazer ser culpado, de lhe mostrar que é frágil, que é inútil, que não sabe fazer sem a nossa ajuda, manipulamos por meios sombrios e por sermos nós muito mais frágeis que esse Ser que mesmo sendo manipulado consegue continuar o seu caminho ao passo que nós apenas nos perdemos mais e mais numa sombra gélida e vazia de sentires…
E neste mundo de fantoches e controladores a única coisa que fazemos é uma dança de obsessores, onde um se alimenta do outro e onde ambos se amarram dizendo que o vinculo é mais forte e indestrutível que a sede de felicidade e capacidade de soltar…
Onde escolhemos ficar? Na dança de retroalimentação ou num caminhar face ao desconhecido que é essa liberdade sem rédeas, mas onde podemos compartir?
Namasté!
Vanessa Barros Albernaz por Jesaya